quinta-feira, 9 de abril de 2009

A rodoviária

Adoro observar as pessoas. Imaginar o que estão sentindo, o que estão pensando, onde estão indo, analisar o que estão vestindo, descobrir quem realmente são.
Todos que por aqui passam estão com pressa. Presa em ir pra casa, para o trabalho, para estudar, para encontrar o amor de suas vidas. Alguns são como eu: estão aqui apenas a esperar, na metade de seu caminho. Cedo pra chegar e tarde para voltar.
Alguns correm, outros caminham lentamente. Há aqueles que passam radiantes e outros andam como se fosse para o matadouro. Tem quem leia revistas cientificas, faça palavras cruzadas ou durma naqueles bancos. Quem coma nas grandes redes de fast-food ou desça até a rua para comer o pastel da esquina por R$0,75.
Professores, doutores, estudantes, donas de casa, pedinte passam por mim. Poucos me reparam. Poucos reparam que o sol já nesceu. Mas todos percebem que o guarda controla a entrada de todos no terminal de embarque.
Sapatos finos, sandalias, rasteirinhas, tênis, chinelos de borracha desfilam pela minha frente como um emaranhado de vidas procurando seu rumo.
Todos têm vida, sonhos, medos, sentem frio, choram, são tão humanos quanto eu. Mas, ao passarem por mim na rodoviária, não passam de esboço de gente.

Nenhum comentário: